Mestranda do PPGEDAM ministra palestra para alunos da Escola de Aplicação

A engenheira agrônoma e aluna do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM/UFPA), Márcia de Pádua Bastos Tagore, ministrou no último dia 14 uma palestra para alunos da Escola de Aplicação da UFPA. O bate-papo teve como tema "Riscos Ambientais em áreas de várzea na Amazônia" e é uma importante iniciativa no estabelecimento do diálogo entre alunos do PPGEDAM e alunos do ensino fundamental e médio. Tagore é orientada pelo Prof. Dr. Otávio do Canto e Coorientada pelo Prof. Dr. Mário Vasconcelos.
Tema - Na palestra desenvolvida pela mestranda para os estudantes, foi explicado o significado de várzea, um assunto muito importante para o aprimoramento do conhecimento dos alunos na disciplina de geografia. Citando importantes autores da área, Márcia explicou que as várzeas são extensas faixas localizadas na beira dos rios e que periodicamente são cobertas por águas.
Na Amazônia, esses espaços são ricos em nutriente devido à intensa sedimentação de matéria orgânica. Além disso, a preservação das várzeas é essencial devido ao grande número de espécies ambientes frágeis, que têm como habitat natural esse ambiente. Qualquer alteração provocada pela ação humana, tornaria difícil a recuperação do espaço.
Açaí - O principal assunto tratado pela engenheira agrônoma foi sobre possíveis riscos que a plantação de açaizeiros nas várzeas poderia estar causando. O açaí é um dos frutos de maior importância na alimentação da população ribeirinha e urbana, além de significar um produto com alto poder na econômico. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Pará é o maior produtor de açaí do Brasil. Somente em 2013, foi responsável pela produção de 111.073 toneladas do fruto.
Apesar da importância do produto, o problema da pesquisa questiona se os novos sistemas de produção de açaí têm alterado as áreas de várzea e provocado mudanças econômicas, sociais e ambientais. A hipótese inicial era a de que o manejo intensivo do açaí nas áreas de várzea estaria implicando em alterações nas relações sociais e de trabalho e alterações na configuração do ambiente entre os ribeirinhos. Em médio e longo prazo, tais fatores poderiam resultar em riscos econômicos,sociais e ambientais nos locais onde se instalam as plantações do açaizeiro.
Conclusão - Após o período de pesquisa desenvolvido no município de Abaetetuba, a mestranda concluiu que as principais alterações identificadas no ecossistema de várzea pelas plantações de açaizeiro foram a homogeneização da paisagem, a partir do monocultivo do açaí; a eliminação de espécies vegetais, que por sua vez resultam em diminuição de outras espécies vegetais e animais, ou ao contrário, aumento de espécies nocivas ao homem que podem resultar em doenças e pragas; e a erosão e assoreamento dos rios.
Para chegar as conclusões anteriores, Márcia Tagore realizou trabalhos de campo junto à equipe da EMATER/PA do escritório de Abaetetuba; fez registros etnográficos, fotográficos e de coordenadas geográficas; realizou visitas com exploração das áreas de produção em dez propriedades com aplicação de questionários e entrevistas semi estruturadas; dentre outros métodos.
De acordo com a palestrante, a valorização econômica do açaí tem levado à implantação de modelos de manejo e plantios que colocam em risco o equilíbrio ambiental. Portanto, apesar de a oportunidade da valorização econômica do açaí necessitar ser aproveitada, ela deve ser pautada pelos parâmetros do desenvolvimento sustentável.
Texto: Fábia Sepeda - Assessoria de Comunicação NUMA/UFPA
Fotos: Arquivo Pessoal
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