Curso do NUMA entrega produtos sociotécnicos a comunidades do Baixo Tocantins
O curso de especialização “Extensão, Inovação Socioambiental e Desenvolvimento de Sistemas Agroalimentares (AGIS)” apresentou seus resultados a comunidades do Baixo Tocantins.
O curso de especialização, “Extensão, Inovação Socioambiental e Desenvolvimento de Sistemas Agroalimentares (AGIS)”, ofertado pelo Núcleo de Meio Ambiente (NUMA/Profima), em parceria com a Faculdade de Formação e Desenvolvimento do Campo (Fadecam/Abaetetuba) entregou, na última semana, às comunidades do Baixo Tocantins, produtos sociotécnicos, oriundos dos trabalhos de Conclusão de Curso dos alunos.
O evento proporcionou um espaço de diálogo e reflexão para a comunidade acadêmica e lideranças quilombolas, pescadores, ribeirinhos. Na ocasião, os alunos apresentaram suas pesquisas realizadas a partir das metodologias de Diagnostico Rural Participativo (DRP), e Mapeamento Social e Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV), as quais foram aplicadas em quatro comunidades escolhidas como campo de ação-intervenção: Ilha Maracapucu (Palmar e Ipiramanha), Comunidade Quilombola São Sebastião (Rio Arapapuzinho), Ilha Maúba (PAE Paruru) e assentamento Cataiandeua.
A entrega foi realizada no campus de Abaetetuba (UFPA), nos dias 21 e 22 de fevereiro, durante o seminário "Diversidade Socioagroambiental do Campesinato Amazônico". Entres os produtos entregues às comunidades estão: diagnóstico socioagroambiental, realizado em cada comunidade, acompanhado de propostas de ações de desenvolvimento; mapas das principais questões socioagroambientais das quatro comunidades; Sistema de irrigação com garrafas pets; cartilhas em linguagem didática e acessível ao público, as quais sintetizam as questões dos recursos pesqueiros, o trabalho e práticas socioprodutivas das mulheres, cultivo de açaí e o seu circuito da produção, a soberania alimentar e guia para valorização da cultura alimentar no Baixo Tocantins; Manual de montagem de filtro de baixo custo para sistemas de captação de água de chuva para torná-la potável.
Buscando fortalecer as identidades étnico-raciais, o AGIS ainda produziu, em parceria com os coletivos locais, o CD “Os cantos da Simbolada” da comunidade quilombola Arapapuzinho e a cartilha sobre a prática cultural de Ladainha.
Para os Coordenadores do curso, prof. Aquiles Simões (NUMA) e profa. Eliana Teles (FADECAM), a finalização desta edição do AGIS marcou a força de uma filosofia de trabalho e de investimento na formação de quadros baseada na prática de intervenção socioambiental, na qual os saberes locais são reafirmados, permitindo ao discente constituir o conhecimento em situação, pari passo com a experiência social vivida na interação com as famílias camponesas.
Resultados – Os trabalhos apresentados nutrem a reflexão sobre as problemáticas que afetam a sustentabilidade do campesinato do Baixo Tocantins e possibilitaram, com base no mapeamento e nos conhecimentos tradicionais, o (re)conhecimento da realidade local, dos seus problemas e potencialidades, bem como, reforçaram a “ecologia das mentes e dos saberes”, “a ciência do concreto” e a “reflexão-na-ação”, compartilhando informações, experiências, percepções sobre os recursos naturais, construindo “competências situadas” providas de sentido para as coletividades locais.
A confecção dos produtos e as metodologias possibilitaram identificar as especificidades que caracterizam os ambientes de várzea e terra-firme, ao darem ênfase aos fatores que assemelham e diferenciam as comunidades. Com base nos diagnósticos e produtos elaborados é possível concluir que, embora essas comunidades estabeleçam uma relação direta com os recursos naturais, elas possuem especificidades que provocam reflexões sobre o entendimento da dinâmica do campesinato do Baixo Tocantins.
Uma delas é a representação do agronegócio, que se faz quase dominante na terra- firme, com monocultivo de dendezais, em contraposição à socioagrobiodiversidade das ilhas da várzea e aos quintais agroflorestais da terra-firme, os quais representam condições de sustentabilidade em meio às tradições e contradições do passado, atualizadas no presente. Vê-se, por exemplo, a presença ainda marcante das olarias, o cultivo de mandioca, de café artesanal, extração de palmito, o intensivo cultivo de açaí e a transformações socioambientais, com intenso processo de erosão dos solos e assoreamento dos rios.
O curso contou com o apoio da Pró-reitoria de Extensão (Proex) e do Grupo de Estudos Diversidade Socioagroambiental na Amazônia (Gedaf), por meio do projeto intitulado "Teias de Inovação Agroecológica e Desenvolvimento de Sistemas Agroalimentares" do Núcleo de Estudos em Agroecologia (NEA), financiado pelo CNPq/Edital 21/2017.
Texto: Beatriz Aviz – Assessoria NUMA
Fotos: Divulgação
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