Debate sobre Cultura Alimentar reuniu estudantes e pesquisadores no NUMA
O Núcleo de Meio Ambiente (NUMA) da UFPA foi palco, na última segunda-feira, 13, do debate "Cultura Alimentar Amazônica: novos desafios e paradigmas para o desenvolvimento local". O evento reuniu estudantes e pesquisadores, a fim de ouvir dos debatedores tópicos sobre a industrialização da cultura gastronômica no Pará e a importância da preservação da cultura tradicional gastronômica.
Cultura alimentar - Um dos pontos principais do debate, fez referência a importância da preservação da cultura alimentar, levando em consideração também os significados por trás da produção de cada alimento. "Comida não é só o que a gente come", explicou Tainá Marajoara, uma das debatedoras no evento e integrante da Rede de Cultura Alimentar e Conselheira Nacional de Cultura. Segundo ela, o povo paraense possui uma relação muito forte com a gastronomia e um leque de significados por trás disso. E levando isso em consideração, essa mesma cultura desenvolvida por esse povo, não pode ser reproduzida por uma máquina da industria de alimentos.
Como exemplo, Tainá citou a produção de farinha no estado do Pará. Como explicou, cada vez menos, a farinha - alimento tão comum na mesa do paraense - passa a ser produzida artesanalmente, dando lugar a uma farinha industrial. "Produzimos conhecimento na Amazônia há 15 mil anos ou até mais", expressou a debatedora, que completou: "A nossa cozinha está deixando de ser 'papa-chibé' para atender a uma demanda externa de preenchimento de divulgação na mídia", finalizou, deixando clara a importância da cultura alimentar como garantia de direitos.
Ponto de Cultura Iacitata - Os debatedores Tainá Marajoara e o Chef de cozinha e coordenador de expedições do projeto CATA, Carlos Ruffeil, fazem parte do Ponto de Cultura Iacitata. O Ponto surgiu há quase 15 anos, tornando-se o primeiro instituto gastronômico do Pará. O espaço Iacitatá só trabalha com alimentos orgânicos fornecidos diretamente por comunidades amazônicas. O objetivo é o de valorizar a cultura alimentar amazônica e o conhecimento das comunidades tradicionais, indo contra a espetacularização da cozinha da Amazônia promovida nos dias de hoje.
"A industria midiática nos bombardeia todos os dias de que o bom é o industrializado", relatou o Carlos Ruffeil. Apesar disso, segundo ele, é possível existir uma cozinha que respeite a natureza e as comunidades locais, disponibilizando um alimento muito mais saudável a população e livre de substância prejudiciais ao organismo. Por conta disso, dentro do Ponto de Cultura, os cozinheiros optam sempre por trabalhar com produtos naturais, utilizando por exemplo, o mel de cana no lugar do açúcar, ou açúcar produzido em Benevides, Castanhal ou pelo MST etc.
Além da Tainá Marajoara e Carlos Ruffeil, contribuíram também para o debate o professor titular Dr. Gilberto Rocha, do PPGEDAM/UFPA; o diretor do NUMA, Professor Doutor Sérgio de Moraes; e o professor do PPGEDAM/UFPA, Doutor Rodolpho Zahluth Bastos, organizador do evento.
Texto e foto: Fábia Sepêda - Assessoria de Comunicação NUMA/UFPA
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