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Política do meio ambiente

Publicado: Terça, 30 Junho 1987 00:00 | Acessos: 7508

Matéria publicada no Jornal Beira do Rio em junho/julho de 1987 sobre a instituição da Comissão Executiva do Meio Ambiente (CEMA), que mais tarde daria origem ao NUMA.

A poluição em Porto Trombetas, provocada pelo lançamento do rejeito da lavagem da bauxita no lago Batata, pela Mineração Rio do Norte e, mais recentemente, o problema ocorrido na Albrás, em Barcarena, que resultou na poluição do Igarapé Dendê, através do derramamento de uma grande quantidade de dióxido de enxofre, foram alguns dos casos relacionados à questão do meio ambiente denunciados pelos técnicos e pesquisadores do Núcleo de Tecnologia Mineral da UFPA.

Em primeiro caso, a denúncia teve grande repercussão na comunidade científica e na esfera governamental culminando, inclusive, com a interferência do governo federal, através do Ministério das Minas e Energias para a solução do problema. Isto, porém, só foi possível devido à divulgação da denúncia em todo o país, através do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão que, desta forma, oportunizou aos pesquisadores a difusão de suas denúncias entre as autoridades.

No segundo caso, porém, a constatação do problema ocorrido no Igarapé Dendê e as conseqüências do acidente limitaram-se apenas a um relatório incompleto elaborado pelos pesquisadores que, a convite da Albrás, estiveram na área avaliando o caso. Apesar da iniciativa dos pesquisadores, a análise do problema, não pôde ser aprofundada devido às dificuldades encontradas, tais como a necessidade da permanência na área e a falta de aparelhos e equipamentos especializados.

Conscientes de que as iniciativas isoladas e setorizadas são enfraquecidas e não funcionam na questão ambiental, os pesquisadores começaram a se articular objetivando criar, na Universidade, uma instituição que possibilite a congregação de todas as pessoas interessadas no assunto e que se proponha a apresentar a administração da UFPA uma política de meio ambiente, bem como as formas de operacionalização.

Assim, em março foi criada na Universidade a Comissão Executiva do Meio Ambiente (CEMA), constituída de três professores de cada Centro e Núcleos existentes, além de um representante do InformAM. A comissão possui, ainda, uma direção responsável pela coordenação dos trabalhos e que tem como presidente o professor Ezequiel Carneiro, do Nutem, e como vice-presidente o professor Norbert Fenzl, do Centro de Geociências.

A comissão está dividida em duas sub-comissões: uma responsável pelo levantamento da infra-estrutura material e humana da UFPA, para responder às questões ambientais, e outra com a incumbência de preparar o 2º Seminário Nacional sobre Universidade e Meio Ambiente, previsto para ser realizado em Belém, no mês de novembro.

A decisão de realizar o Seminário Nacional em Belém é resultado da atuação da representação da UFPA, no 1º Seminário realizado de 86, em Brasília.

Além do diagnóstico do meio ambiente e de apresentar propostas alternativas que minimizem os efeitos já causados, a Comissão executará, também, um trabalho voltado para a prevenção. A primeira proposta é de um zoneamento ecológico para uma análise dos efeitos, no meio ambiente, da exploração dos recursos naturais da Amazônia.

Após a fase de implantação da CEMA, os pesquisadores pretendem manter um intercâmbio com outros órgãos envolvidos na questão ambiental, tanto da região Amazônica como de todo o país. A longo prazo a CEMA pretende influir nas decisões e transformar-se em um órgão de consulta permanente sobre a questão ambiental.

Para que isso venha a se efetivar, porém, é necessário a reestruturação da UFPA. De acordo com os membros da comissão, a atual estrutura de Departamentos existentes na Universidade não funciona na questão ambiental. O ideal, assegurou, seria a criação de um Núcleo ou Centro Interdepartamental.

Para eles o trabalho a ser desenvolvido pela Comissão (CEMA) é um desafio mas, apesar disso, a UFPA está muito à frente das demais instituições de ensino superior da Amazônia no que se refere à questão ambiental. Para que trabalho da Comissão venha a se consolidar, dizem os pesquisadores, se faz necessária participação mais efetiva de todas as pessoas interessadas no assunto.

Diz o presidente da Comissão, Ezequiel Carneiro: é necessário que cada um dê a sua parcela de contribuição. Só assim nós conseguiremos efetivar um trabalho sistemático voltado para a questão ambiental. Para os interessados em Meio Ambiente: O CEMA funciona no 2o andar do Centro Tecnológico, no Setor Profissional da UFPA.

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Publicado originalmente em Jornal Beira do Rio, junho/julho de 1987, nº 13, pág. 5 (clique aqui para acessar o original).

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